Nasci e fui criado, felizmente, num ambiente democrático. Na família que me recebeu, mesmo não sendo filho adotivo, fui cercado por dois tipos de profissionais fundamentais em qualquer sociedade: jornalistas e professores. Meu pai e meu tio – Abel Gonçalves- dedicaram boa parte de suas vidas ao exercício de escrever. Vivenciaram períodos complexos da vida brasileira. Creio, que se saíram bem. Outra parte da família dedicou-se ao ensino. Na época esses profissionais tinham outra relevância social. Por exemplo: Gilberto Gonçalves, negro, foi professor de química em colégios importantes - aqui em Porto Alegre- como Julinho, Parobé, Anchieta, Israleita e criou o cursinho pré-vestibular. Refiro-me ao Curso Piratini e depois o Mauá. Ao falecer virou nome de rua e escola. Esse tipo de homenagem o tempo não apaga. E para ficar claro estou falando de 1975. Com essa turma aprendi que liberdade de opinião não deve ser apenas um direito constitucional mas, sim uma prática. Permitida ou não. Ou seja, não é o Estado que deve garantir tal exercício, mas sim suas convicções. Isso pode custar caro. Mas, cá entre nós é barato. Não para quem exerce independência intelectual. Em regimes democráticos ou autoritários, é duro.Independência não é uma característica política. É pessoal. Dolorosa de exercer. Indispensável para crescer e viver. Professores e jornalistas, formam e informam. Será? Hoje o primeiro é refém do império dos alunos e o segundo ... o segundo?
Isso me fez lembrar um clássico do grande Milton. Vai lá e veja o Roberto cantando Coração de Estudante.
Imagem by: vivopelavida.com.br
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